“Você me protege do desamparo e eu me torno seu escravo”, esse é o pacto.
Não é a dor que determina o masoquismo, é o assujeitamento, é o prazer com a submissão. E o indivíduo masoquista escolhe este lugar de servidão.
A dor é resultado da servidão, e não o objetivo do masoquista: pode haver prazer sem dor, mas não o contrário. Só é possível suportar a dor se o sujeito masoquista estiver ocupando um lugar de submissão.
A psicanálise entende o masoquismo como uma estratégia que o sujeito encontra para suportar o desamparo, um tipo de refúgio, em que ele ocupa esse lugar de submissão na tentativa de colar-se, juntar-se, ao outro e evitar o sofrimento desse vazio. Submetido à servidão, o indivíduo busca multiplicar a dor na tentativa de exercer o controle sobre ela… sobre a dor do desamparo.
Cada sujeito busca uma forma de dar conta do vazio marcado pelo desamparo. A vida precisa seguir. E segue.
Obs.: O prazer direto a dor é chamado de algolagnia.
(Pintura: Eduardo Berliner)