Os avanços tecnológicos que envolvem a inteligência artificial (IA) têm assustado algumas pessoas e entusiasmado outras. Uma das mais polémicas criações é o ChatGPT. Mas então, o que é isso do ChatGPT?
ChatGPT significa “Chat Generative Pre-training Transformer”, trata-se de um modelo de linguagem de inteligência artificial que tem como objetivo imitar a conversação humana, utilizando uma grande quantidade de dados da internet. No fundo, é um chat onde trocamos mensagens com um computador super inteligente.
E o que é que o ChatGPT tem a ver com psicoterapia? Bem, nos últimos anos, tem havido uma tendência crescente de usar chatbots como forma de terapia, especialmente para aquelas pessoas que numa fase inicial hesitam em procurar a psicoterapia.
O ChatGPT pode ser programado para responder de forma compreensiva e sem julgamento, e também pode fornecer recursos e encaminhamento para profissionais de saúde mental, se necessário. Obviamente, é importante observar que os chatbots nunca devem substituir a psicoterapia, mas podem ser um complemento útil ou um ponto de partida para quem precisa.
Além disso, o ChatGPT também pode ser usado em pesquisas para entender melhor o comportamento e a cognição humana. Por exemplo, os investigadores na área da psicologia podem usá-lo para analisar padrões no uso da linguagem e identificar temas ou tópicos comuns sobre os quais as pessoas tendem a falar. Isso pode ajudar-nos na compreensão de coisas como normas sociais, valores culturais e experiências emocionais.
Claro que o ChatGPT pode não ter um corpo físico ou um diploma em psicologia, mas o que ele tem é uma vasta quantidade de conhecimento.
Pense da seguinte forma: quando está a ter um dia mau, às vezes tem demasiadas perguntas e gostava de obter respostas rápidas e o ChatGPT pode fazer isso. Ele também pode fornecer informações baseadas em evidências sobre diferentes condições de saúde mental e sugerir estratégias de enfrentamento nas quais talvez não tenha pensado antes.
Mas claro, o ChatGPT não substitui a conexão humana. E o mais certo é dar-lhe alguns pontos e estratégias genéricas e encaminhá-lo se for o caso, para um psicólogo. E é aí que entra a psicoterapia.
A psicoterapia, é uma forma de tratamento que envolve conversar com um profissional de saúde mental sobre os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. É um processo colaborativo que pode ajudá-lo a identificar e mudar os padrões que estão a causar sofrimento.
Agora, eu sei que a psicoterapia pode ser intimidante. Não é fácil abrir-se para um estranho sobre os seus medos e inseguranças mais profundas. E é perfeitamente normal, sentir essa timidez e receio, ao mesmo tempo é mais simples do que parece. Nós psicólogos estudamos abordagens, métodos e técnicas para saber como ajudá-lo a sentir-se confortável, tranquilo e permitir que a conversa flua naturalmente.
Ou seja, o ChatGPT pode ser uma ferramenta útil para aprender sobre saúde mental, mas não substitui a relação humana. As pessoas são únicas e complexas, a comunicação verbal e não-verbal, que inclui comportamentos, tom de voz, congruência emocional, e o relacionamento que construo com a pessoa à minha frente constitui uma grande parte da compreensão do problema.
Na minha perspetiva, e usando uma analogia. A inteligência artificial é como uma máquina de lançar bolas de ténis, que arremessa bolas contra si enquanto treina os seus movimentos (smash, swing etc). Ela cumpre o seu propósito, mas será que por ela existir diminui a experiência do jogo de ténis com outra pessoa?
A máquina até pode fazer com que tenha um swing melhor e até pode levar a que se desfrute melhor do jogo devido a essa prática.
Mas nada substitui um jogo entre duas pessoas. A meu ver pode atuar como um complemento sim, mas são coisas diferentes. O jogo engloba muitos fatores, fatores esses que não conseguem ser facilmente reproduzidos